Saiba como o pronto-socorro decide quem deve ser atendido primeiro
Neste artigo, vamos explorar como funciona o atendimento em pronto socorro, desde a triagem até o tratamento. Compreender os protocolos e sintomas é essencial para pacientes e familiares, garantindo uma experiência mais tranquila em momentos de emergência.
Diversos cenários podem ocorrer dentro de um pronto-socorro. Um paciente com dor no peito súbita e intensa, por exemplo, pode estar sofrendo um infarto e precisa ser rapidamente conectado ao monitor cardíaco, receber oxigênio, ter exames coletados e, em muitos casos, ser levado à sala de hemodinâmica para desobstrução da artéria. Já um idoso que chega com dificuldade de fala e perda de força em um lado do corpo pode estar em um Acidente Vascular Cerebral (AVC), situação em que cada minuto conta. Nesses casos, o protocolo “time is brain” é aplicado, direcionando o paciente rapidamente para tomografia e possível trombólise. Outro exemplo é o de vítimas de acidente de trânsito com múltiplos traumas, onde a equipe multiprofissional atua em conjunto utilizando protocolos de trauma e exames rápidos como o FAST, que avalia sangramentos internos.
Ir a um pronto-socorro pode ser uma experiência de ansiedade e muitas vezes de dúvida sobre como realmente funciona esse atendimento. Ao chegar, o primeiro contato geralmente acontece na recepção, onde os dados são confirmados e rapidamente o paciente é direcionado para a triagem de enfermagem. Nesse momento, não importa a ordem de chegada: o que define a prioridade é o risco clínico. O protocolo de triagem mais utilizado no Brasil é o Protocolo de Manchester, que organiza os pacientes por cores — vermelho para emergências imediatas, laranja para casos muito urgentes, amarelo para urgentes, verde para pouco urgentes e azul para situações sem gravidade. Esse processo garante que quem corre mais risco receba atendimento mais rápido.
Após a triagem, o paciente é levado para a área de atendimento médico. Dependendo do quadro, pode ser encaminhado diretamente para salas de emergência, onde o time de saúde utiliza protocolos estruturados, como o XABCDE, que avalia vias aéreas, respiração, circulação, estado neurológico e exposição a possíveis lesões. Esse método é essencial em casos de trauma, parada cardiorrespiratória ou condições graves que necessitam intervenção imediata. Em situações mais controladas, como dores moderadas ou sintomas leves, o paciente passa por avaliação médica em consultórios internos.


Além dos casos graves, muitos pacientes procuram o pronto-socorro por sintomas comuns como febre, dor abdominal ou crises de hipertensão. Nessas situações, após a triagem, passam por atendimento médico, coleta de exames laboratoriais e de imagem, sendo medicados e liberados quando não há risco maior. O papel da enfermagem é fundamental em todas essas etapas, desde a triagem inicial, passando pela monitorização de sinais vitais, administração de medicamentos e acolhimento emocional do paciente e da família.
O fluxo de atendimento pode terminar com a alta hospitalar, quando o paciente recebe orientações e prescrição médica, ou com a internação, caso necessite de cuidados mais prolongados. Em hospitais de maior porte, há também integração com equipes de especialidades como cardiologia, neurologia e ortopedia, garantindo maior resolutividade para casos complexos. O importante é entender que o pronto-socorro não funciona por ordem de chegada, mas por gravidade, e que protocolos estruturados existem justamente para salvar vidas em situações críticas. Essa dinâmica permite que pacientes graves sejam atendidos imediatamente, enquanto os casos de menor urgência recebem cuidados em tempo adequado, garantindo segurança e eficiência no atendimento.




Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Triagem de Manchester: orientações e aplicação na rede de urgência e emergência. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
SOUZA, L. A.; SANTOS, M. A.; OLIVEIRA, R. G. Protocolo XABCDE no atendimento inicial ao paciente politraumatizado. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 73, n. 6, p. 1-8, 2020.
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS: Advanced Trauma Life Support. 10. ed. Chicago: American College of Surgeons, 2018.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Diretriz de Síndromes Coronarianas Agudas. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 119, n. 3, p. 1-91, 2022.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROLOGIA. Protocolo clínico para atendimento do Acidente Vascular Cerebral agudo. Revista Brasileira de Neurologia, Rio de Janeiro, v. 58, n. 2, p. 15-27, 2021.
